Nos últimos meses, o tema Reforma Tributária voltou com força ao consultório. Psicólogos, fonoaudiólogos e gestores de clínicas têm me questionado sobre como se adaptar às novas regras, especialmente com a chegada do IBS e CBS. Eu entendo, porque essas mudanças vão mexer diretamente com a saúde financeira de milhares de negócios. Em 2025, já são mais de 574 mil psicólogos e 57 mil fonoaudiólogos registrados no país. O impacto será sentido na prática.
O que muda com a reforma tributária nos serviços de saúde?
Aprovada em 2024, a Reforma Tributária trouxe alívio para parte do setor. Psicologia e fonoaudiologia terão redução de 60% na alíquota do IVA (de acordo com o Conselho Federal de Psicologia e também reportagem de O Globo), com um regime tributário especial para serviços de saúde. Mas nem tudo é simples: regras de repasses, contratos de parceria, emissão de NFS-e, CNAEs, enquadramento tributário e precificação exigirão atenção redobrada.
Planejar agora evita dores de cabeça a partir de 2027.
Com a experiência da MCO Contábil, vejo que o sucesso começa pelo entendimento dos ajustes práticos, e tomei nota dos principais pontos que indico para meus clientes prepararem suas clínicas.
Principais ajustes para clínicas de psicologia e fonoaudiologia
Abaixo, listo os 9 ajustes mais relevantes para adaptar clínicas e consultórios, sempre explicando cada um com exemplos reais do cotidiano que acompanho.
1. Revisar regime tributário: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real
A nova estrutura trará impactos nos atuais regimes tributários, como Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. No Simples, é importante analisar se o cálculo do Fator R continuará vantajoso comparando com o novo IVA. No Lucro Presumido, a tendência é migrar para o IVA, e, no Lucro Real, deve-se reavaliar a estratégia frente às novas regras. Em todas as alternativas, a escolha errada pode aumentar a carga tributária.
2. Atenção às mudanças no Fator R
O Fator R diferencia clínicas que têm folha de pagamento alta (acima de 28% do faturamento) e garante alíquotas menores no Simples Nacional. A reforma pode alterar ou até extinguir esse benefício a médio prazo.
Muitas clínicas de psicologia funcionam como sociedades sem empregados, apenas com autônomos, sendo prejudicadas se o Fator R deixar de existir.
3. Revisão e atualização do CNAE
O Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) vai determinar qual regime e alíquota cada serviço de saúde poderá adotar. Evite CNAEs genéricos ou não condizentes com o serviço prestado, pois isso pode atrapalhar o acesso ao regime especial da saúde.
Já vi exemplos de clínicas que, por terem CNAEs secundários irrelevantes, acabaram pagando tributo indevido.
4. Adaptação dos contratos de prestação de serviços e repasses
Um dos desafios das clínicas é o repasse de pagamentos para psicólogos e fonoaudiólogos parceiros. A nova tributação exigirá que contratos estejam mais claros, detalhando a atividade, forma de remuneração e eventual responsabilidade por impostos.
Se antes muitos contratos eram genéricos, agora precisam ser detalhados para proteger a clínica e o parceiro.
5. Cuidados na emissão de notas fiscais eletrônicas (NFS-e)
Como os serviços de saúde terão desconto de 60% na alíquota do IVA, será necessário que a nota fiscal especifique o código de serviço correto. Caso contrário, pode ser aplicada a alíquota cheia, elevando muito a tributação da clínica.
Além disso, clínicas com múltiplos serviços devem separar bem cada atividade em sua emissão.
6. Preço dos serviços: ajuste transparente
Na transição das regras até 2027, pode ocorrer variação na carga tributária. Recomendo reavaliar precificação, considerando cenários de maior ou menor custo com impostos. Transparência com pacientes e parceiros é fundamental para evitar queixas e retrabalho.
Eu já acompanhei clínicas que, ao não ajustarem contratos e valores, sofreram dificuldades para renegociar honorários com profissionais parceiros.
7. Gestão financeira adequada ao novo cenário
Apenas com controle financeiro transparente é possível prever impactos e evitar surpresas. Ferramentas digitais são grandes aliadas, como destaca a experiência da MCO Contábil nos projetos de BPO financeiro com clínicas e consultórios. Separar os valores exatos de tributos, repasses e lucros trará clareza desde o fechamento mensal até a distribuição de lucros, tema importante que detalhei neste texto sobre distribuição de lucros e autuações.
8. Planejar a estrutura societária
Com a Reforma, pode ser interessante rever se a sociedade está adequada: sociedade simples pura (de profissionais habilitados) ou sociedade empresária. Isso afeta o modo de tributação dos lucros, a responsabilidade dos sócios e até mesmo o enquadramento na categoria de prestador de serviço de saúde.
Já auxiliei clínicas que aumentaram sua segurança jurídica só ajustando a natureza da sociedade.
9. Acompanhar a legislação e o período de transição
A implementação do IBS e CBS tem cronograma definido para ajuste total até 2027. Cada etapa traz novidades e regras complementares. O site do canal de reformas para clínicas da MCO Contábil acompanha essas mudanças.
A regra de hoje pode mudar amanhã.
Eu recomendo ficar de olho em fontes seguras para apoiar decisões, como análises dos impactos da reforma nos serviços de saúde.
Exemplo prático: adaptando uma clínica à reforma tributária
Vou ilustrar com um caso comum. Uma clínica em São Paulo, com 10 psicólogos parceiros e 5 fonoaudiólogos prestando atendimento, faturando R$ 120 mil por mês em 2025. No Simples Nacional, eles usam o Fator R para pagar menos imposto. Mas com possíveis mudanças nesse cálculo, e a chegada das novas alíquotas do IVA, a clínica:
- Revisou todos os CNAEs e contratos
- Detalhou o modelo de repasse aos profissionais
- Testou cenários de precificação já considerando a redução de 60% prometida pela reforma
- Adequou toda a gestão financeira, usando um sistema digital de acompanhamento
- Fez treinamentos para a equipe se preparar para a transição
Essas medidas evitaram aumento brusco na carga de impostos e até possibilitaram negociações melhores com convênios e pacientes.
Checklist: como preparar sua clínica para a Reforma Tributária
- Confirme o enquadramento no Simples, Lucro Presumido ou Real
- Analise o impacto de uma possível mudança ou extinção do Fator R
- Revise e ajuste os códigos CNAE
- Reveja contratos, repasses e obrigações acessórias
- Atualize as rotinas de emissão de NFS-e
- Recalcule preço de serviços considerando a nova alíquota
- Invista em ferramentas para separar receitas, tributos e repasses
- Reavalie a sociedade e distribuição de lucros
- Siga acompanhando as notícias oficiais do governo e conselhos de classe
Se sente insegurança para dar os primeiros passos, não deixe de buscar orientação de quem já acompanha e entende as dores reais dos negócios de saúde.
Conclusão: Siga em frente com segurança e clareza
A Reforma Tributária pode trazer oportunidades, mas exige atualização constante, planejamento e confiança em parceiros que conhecem os detalhes do setor. Com as orientações que trouxe neste artigo, acredito que clínicas de psicologia e fonoaudiologia estarão mais preparadas para 2026 e além. Use este material sobre tributação em clínicas para aprofundar seu planejamento, e conte com a MCO Contábil neste processo.
Se deseja um diagnóstico personalizado para o seu cenário e tirar dúvidas práticas, acesse meu perfil profissional no LinkedIn ou faça contato com a equipe MCO Contábil. Nosso compromisso é sempre entregar clareza, proteção e crescimento para clínicas e profissionais da saúde.
Perguntas frequentes
O que muda na reforma tributária?
A principal mudança é a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que vão substituir impostos antigos. Para clínicas de psicologia e fonoaudiologia, haverá um desconto de 60% na alíquota do novo imposto, o que deve reduzir a carga tributária. Além disso, regras de enquadramento, emissão de notas e contratos precisarão de ajustes a partir de 2026, conforme regras divulgadas pela imprensa.
Como a reforma afeta clínicas de psicologia?
Clínicas deverão revisar seu regime tributário, contratos de parceiros, precificação e rotinas fiscais. O novo desconto favorece serviços de saúde, mas exige que o CNAE esteja correto e a natureza jurídica da clínica seja adequada. A gestão financeira precisa ser revista para garantir apuração correta dos tributos e segurança nas operações.
Quais impostos clínicas precisam pagar agora?
Até a implementação final do IBS e CBS, clínicas continuam no Simples Nacional, Lucro Presumido ou Real, pagando tributos como IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, ISS e INSS, dependendo do regime. Com a transição, o IVA vai unificar parte desses impostos, com regra específica e redução para serviços de saúde a partir de 2026.
Vale a pena abrir clínica após a reforma?
Com a redução das alíquotas para serviços de saúde, abrir uma clínica de psicologia ou fonoaudiologia pode se tornar até mais atrativo. No entanto, cada caso depende do volume de faturamento, quantidade de parceiros e estrutura societária. Planejar a abertura com um contador especialista faz toda diferença neste novo cenário.
Como reduzir custos tributários na clínica?
Alguns pontos importantes: manter o CNAE correto, revisar contratos de repasse, optar pelo melhor regime tributário e investir em gestão financeira digital. Usar parâmetros claros para apuração e distribuição de lucros, seguindo recomendações seguras, também reduz riscos e custos. Na dúvida, recomendo recorrer a diagnósticos personalizados, como os realizados pela MCO Contábil, para encontrar a melhor estratégia.




